O problema desse blog é que nunca postarei algo fiel aos meus pensamentos. Sou interrompida a cada 5 minutos ou menos com algum paciente reclamando de dor de cabeça (pega dipirona no posto, mané!)
Há uns anos eu tinha um blog, algo sobre pensamentos confusos de uma mente desorganizada. Recordo-me de um texto em especial sobre um dia quando eu cheguei em casa, me olhei no espelho do elevador e não me reconheci. A menina que lutava pelos seus sonhos tinha desaparecido, a menina que tinha ideais tinha se cansado. Hoje olho no espelho e sorrio. Antes eu me preocupava por não mais ostentar sempre um sorriso, por não reparar mais nas nuvens, por não sentir o cheiro das flores, por estar opaca, cansada e vazia.
Continuo opaca, cansada e vazia. Continuo com a pele sem viço, olheiras, cara de cansada, olhos sempre caídos. A diferença é que mesmo assim hoje me permito um sorriso para quem eu nem conheço. Flagro-me dardejando olhares para o alto, o céu, o nada. Sinto o cheiro de tudo, tudo, das flores, da cidade, da cama, do pescoço. Cheirinho de pescoço, quer coisa melhor? Eu não sabia o que era cheiro de pescoço. Eu não me permitia sentir um cheiro de pescoço. Cheiro de travesseiro. Cheiro de lençol. Não lençol novo, esse não tem graça, todos tem o mesmo cheiro, digo aquele lençol já dormido.
Não me preocupo mais por não me preocupar com as coisas, não me aflijo mais por não me afligir com a vida. Baça, vazia, opaca mas indecentemente feliz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário