terça-feira, 29 de junho de 2010

A defensora dos frascos e comprimidos

....not.

Quem está aqui é porque me conhece, logo, apresentações são desnecessárias. O título surgiu porque hoje ouvi de um paciente "e agora, quem poderá me ajudar?" quando entrou no consultório. Pena que a roupa daqui é azul, não vermelha. Ah sim, nesse momento estou de plantão. Em homenagem ao Saramago, não sou fã de escrever usando a norma culta da língua portuguesa. O fluxo de pensamentos é meu, não do Aurélio, maldito seja.

Não sou defensora de frascos e comprimidos. Odeio o jeito que trabalho. A paciente que acabou de sair da minha sala só tem uma gripe mais forte, está com nariz entupido, coisas que todo mundo tem algumas vezes por ano, sinusite viral, cuide-se e em alguns dias você estará melhor... mas adianta falar? Se você não prescreve um fármaco, você é um mau médico. Você não sabe de nada, tadinha da dotora, tão novinha, ainda não entende das coisas. Aí eu entro na lista dos irresponsáveis que passam amoxicilina para meio mundo e minha cabeça fica um tantinho mais pesada a cada dia que passa.

"Mas nem uma vitamina, dotora?" NÃO. A inversão de valores é tão ridícula que hoje vale mais gastar todo o já pequeno salário na farmácia com suplementos artificiais do que investir numa boa alimentação. Não passo vitamina C, passo suco de laranja, acerola e limão... Não passo ferro, passo feijão, vegetais de folhas escuras e suco de laranja. Não passo sprays para a garganta, passo própolis.

Divaguei.

O propósito do blog não é só contar lamúrias do trabalho, eu juro. Inevitavelmente eu tocarei nesse assunto já que dediquei todo meu minúsculo tempo de vida a ser essa farsa de azul e estetoscópio no pescoço que vos fala (ou digita), mas não me resumo a isso. Espero eu.

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